sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

No meio de assaltos e tiros, Port-au-Prince tenta voltar à normalidade

A capital do Haiti parece regressar, lentamente, à vida normal. Nas ruas de Port-au-Prince, o cabeleireiro voltou a trabalhar.

Numa grande praça próxima do destruído Palácio Presidencial de Champs-de-Mars, onde milhares de haitianos encontraram por estes dias um refúgio, um jovem cabeleireiro trabalha na rua.

"É a única coisa que posso fazer para ajudar a minha família: retomar o meu trabalho", explicou Danache Metelus.

O cabeleireiro voltou a trabalhar na quinta-feira, no mesmo local onde estava no dia do sismo que abalou o país. O preço de um corte de cabelo: 75 gourdes, o equivalente a dois dólares.

A cem metros dali, no bairro comercial, cerca de cinquenta haitianos saqueiam o que sobrou do supermercado "Topolino".

Vários homens lutam por produtos de limpeza. A chegada da Polícia provoca pânico. Ouvem-se tiros. Um dos saqueadores é detido. A Polícia pede que retire tudo o que tem nos bolsos e agride-o com pauladas nas nádegas, enquanto os amigos riem.

Não muito longe dali, outra equipa de polícias atira para o ar para afugentar os ladrões. Alguns asseguram que um deles foi ferido pelos disparos da Polícia.
Cada dia que passa é uma nova vitória director da Central de Telecomunicações do Haiti
Colin Shiller, director da Central de Telecomunicações do Haiti, observa o caos diante da sua empresa em ruínas.

"Estou à espera de um engenheiro para ver como podemos solucionar tudo isto. Não sei quanto tempo vai levar", disse.

É a terceira vez que volta a este lugar desde que o sismo sacudiu o Haiti a 12 de Janeiro. "A situação melhorou. As réplicas diminuíram, os ânimos melhoram", afirmou Colin.

À frente dele, um camião escoltado pela Polícia recupera os electrodomésticos da loja "Super home".

A operação é conturbada: três polícias começam a discutir. Para espantar os ladrões, dez homens armados com pedaços de madeira fazem a segurança de uma gelataria.

Lá dentro, várias pessoas fazem fila para comprar um gelado. "Começámos a vender gelados dois dias depois da catástrofe. As pessoas que vivem nas ruas compram muito. Vendemos muitos hoje, mas vamos ter de fechar por falta de energia eléctrica", disse a empregada, Chale Delence.

Colin Shiller, contempla o cenário e assegura: "Cada dia que passa é uma nova vitória. O Haiti recupera as suas forças".

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